15.6.08
Quando Jovens Ganham Voz
Reportagem de Inês Branco para programa televisivo "Nós" (RTP 2, 18/05/2008, domingo, 10h).
Sobre esta reportagem ver também Entrevista com Raquel Pacheco - Autora da Investigação "Quando Jovens Ganham Voz" - 1ª PARTE e 2ª PARTE
1.5.08
Fernando Pessoa - "O Marinheiro"

Está em cena, no Teatro Municipal de Almada, a peça "O Marinheiro", de Fernando Pessoa.
Em parceria com a editora Livros de Areia, foi lançada uma edição desta obra. A apresentação realizou-se na Casa Fernando Pessoa.
Esta foi a reportagem que fiz para o programa de rádio "Vidas Alternativas". OUVIR AQUI!!
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21.4.08
O Marinheiro, de Fernando Pessoa

Estreou dia 17 de Abril, no Teatro Municipal de Almada, a peça “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa. Em parceria com a Casa Fernando Pessoa, o teatro apresenta ainda obras de várias artistas plásticos inspiradas no poeta português.
A peça “O Marinheiro” foi escrita em apenas dois dias e nunca chegou a ser representada na presença do autor. Mesmo hoje, são poucas as encenações desta peça a que Fernando Pessoa subintitulou “drama estático”.
“Um quarto que é sem dúvida num castelo antigo. Do quarto vê-se que é circular. Ao centro ergue-se, sobre uma mesa, um caixão com uma donzela, de branco. Quatro tochas aos cantos.
À direita, quase em frente a quem imagina o quarto, há uma única janela, alta e estreita, dando para onde só se vê, entre dois montes longínquos, um pequeno espaço de mar.
Do lado da janela velam três donzelas. A primeira está sentada em frente à janela, de costas contra a tocha de cima da direita. As outras duas estão sentadas uma de cada lado da janela. É noite e há como que um resto vago de luar.”
No dia 18, a editora Livros de Areia, em parceria com a Companhia de Teatro de Almada, lançou a edição de “O Marinheiro”. A apresentação do livro realizou-se na Casa Fernando Pessoa e contou com as presenças de Teresa Rita Lopes, especialista na obra de Fernando Pessoa, de Alain Ollivier, encenador da peça e de Pedro Marques, em representação da Livros de Areia Editores.
Teresa Rita Lopes, especialista na obra de Fernando Pessoa
“O Marinheiro tem-me ocupado a vida toda”, declarou aos presentes Teresa Rita Lopes, fazendo de seguida uma apresentação desta obra de Pessoa.
“Um texto tão pequeno… Cada vez que o leio descubro qualquer coisa nova. Por isso, quando aceitei estar aqui para falar de “O Marinheiro”, li-o outra vez com todo o cuidado, acabando por achar coisas novas. Apraz-me falar sobre ele.
Dedico este fascínio pela peça à minha amiga Teresa Mota, com quem em 1961 encenei a peça Três Fósforos, com Amélia Rey Colaço. Foi censurada pela PIDE e, talvez tenha sido por isso, que fugi para Paris. Esta nova abordagem dedico-a à minha amiga.
Não gosto de abordar Pessoa de uma forma esotérica. Toda a minha vida me tenho recusado a enveredar por isso. Ele (Fernando Pessoa) nunca foi ortodoxo nas suas crenças e essas pessoas que o usam para provar as suas crenças irritam-me”.
- Circunstância da peça -
Referindo-se à circunstância desta peça, a especialista esclareceu que foi escrita nos dias 12 e 13 de Outubro de 1913. Tem a ver com a propensão de Fernando Pessoa para o oculto, que o levou a experiências de escrita automática e de “mesa de pé de galo”.
“Sempre pensei em não ir por aí. Qualquer obra dedicada a uma crença fica inevitavelmente datada.
Os simbolistas abriram caminhos. No final do século XIX denunciaram o impasse do teatro. Os simbolistas de língua francesa sonharam o teatro do futuro. O Fernando Pessoa estava a par disto. Maeterlinck recusava todo o teatro naturalista que se fazia na altura. Em 1913, Pessoa comparou-se com Maeterlinck e disse que iria fazer muito melhor.
O verdadeiro teatro descobriu-o em 1914 com a explosão dos heterónimos. O teatro que lhe interessava era o herdeiro do teatro simbolista, recusando os artifícios até aí usados. Inspirado em Hamlet, ele imaginou os heterónimos. São um monólogo prolongado e analítico, imagem de uma personagem de Shakespeare, monologado, sempre só.
Mas o teatro tem de ter acção, embora não um conflito, como o naturalista. O teatro como os simbolistas o entreviram. Isto tem a ver com a atracção de Pessoa pelo outro. O que é interessante é que exista em O Marinheiro uma mise-en-scène espiritual”.
- Lugar desta obra na obra pessoana –
Passando ao lugar que esta peça ocupa na obra pessoana, Teresa Rita Lopes confessou que não é fácil falar de Pessoa sem que nos percamos. “O Marinheiro e Fernando Pessoa são uma “floresta antagónica”, perdemo-nos nos trilhos quando falamos deles.
Esta foi uma obra que Fernando Pessoa adoptou durante a vida toda. Escreveu ao João Gaspar Simões, em 1930, a dizer que ainda estava a ser objecto de correcções. O minimalismo é uma coisa que agrada em Pessoa. Tudo está reduzido ao essencial, corta todos os floreados.
Será que Fernando Pessoa ganhou a aposta que fez com Maeterlinck? Comparei esta peça com “Les Aveugles” e constatei que O Marinheiro responde melhor aos preceitos dos simbolistas. Uma palavra-chave dos simbolistas é o “distanciamento”. Distanciamento da realidade. Distanciamento que as personagens, as veladoras, vão procurar durante todo o tempo.
A ideia central da peça é fugir à realidade, que faz com que as personagens pareçam fantasmas ou sonâmbulos. A noção do espaço, do tempo e da linguagem não tem nada a ver com as personagens normais. Maeterlinck não foi tão longe. “Um quarto que é sem dúvida num castelo antigo” põe-nos logo em dúvida. Pode ser ali como pode ser noutro sítio qualquer.
Fernando Pessoa conseguiu evitar uma coisa que o Maeterlinck não conseguiu evitar, a alegoria. Pessoa nunca faz isto. Este quarto circular é fora do espaço e do tempo – “ainda não deu hora nenhuma” - percebemos logo que não estamos no mundo dos vivos. Distanciamo-nos da acção o mais possível. As veladoras são todas a mesma, não se distinguem. Ali não há conflito. Elas ajudam-se, são solidárias em fugir à vida, no criar o sonho.
Além do “drama estático”, Fernando Pessoa pôs-lhe outro título – teatro de êxtase – essa tal ascese que encontramos também em “Salomé” (“O Marinheiro”, “Diálogo No Jardim do Palácio” e “Salomé” foram todas obras escritas por Pessoa em 1913). Elas, as veladoras, agem para fugir à vida, para criar um sonho. Há uma que se destaca, que é a que conta a história do marinheiro. Há uma luta entre essa necessidade, essa proposta que fazem umas às outras de fugir à vida – “Não rocemos pela vida nem a orla das nossas vestes...” – ganham asas e nas asas do sonho elas levitam.
A oposição é entre a vida e o sonho. Existe a vida, porque esta vida equivale à morte. Álvaro de Campos (um dos heterónimos de Pessoa) diz que temos duas vidas – a verdadeira, que sonhamos em criança, e a falsa, a prática. Morre-se, porque não se sonha bastante. Elas fogem da vida, como quem foge da morte. Viver esta vida ao rés-do-chão equivale a morrer. Por outro lado, elas querem esta vida. “Na vida aquece ser pequeno” – o que assistimos ao longo da peça é a hesitação entre querer fugir da vida e um ritual (toda a peça é um ritual, um acto mágico) em que, através do sonho, elas querem voltar ao Eu Primordial, ao Ser Lar. Ser Lar é Deus. Fernando Pessoa é completamente heterodoxo nas suas crenças – “Creio ou quase creio”. Isto faz com que nunca tenha sido um fanático.
Numa dada altura da peça elas dizem “Tenho um medo disforme de que Deus tivesse proibido o meu sonho...” e falam do frio, esse frio que chega dessas tais regiões isoladas e, por isso, querem o conforto da vida. Este sonho das veladoras é muito complexo. Por um lado, conseguem levantar voo nas asas do sonho, sonhando o seu passado, um sonho divinatório. Trata-se de um perfeito fenómeno de regressão (Pessoa escreveu “não há comunicação directa com Deus, Ser Lar”), em que elas tentam cumprir as etapas que levam ao encontro de si próprias. Mas se permite esta regressão, por outro lado, projecta-nos para o futuro, porque é criador. Depois de sonharem colectivamente o marinheiro descobrem o seu poder – “Por que não será a única coisa real nisto tudo o marinheiro, e nós e tudo isto aqui apenas um
sonho dele?...”. Elas criam o marinheiro e ele cria outra terra natal.
Esta hesitação entre Céu e Terra é a única acção da peça. Opõe-se à criação das ruas da terra natal do marinheiro, que se assemelha à génese bíblica – “Ao princípio ele criou as paisagens, depois criou as cidades; criou depois as ruas e as travessas, uma a uma, cinzelando-as na matéria da sua alma”. Às vezes chegamos a ter a sensação que as veladoras são médiuns – “Que voz é essa com que falais?... É de outra... Vem de uma espécie de longe...".
No final as perguntas que se colocam são: “Quem é, afinal, o marinheiro” e “O que é a morte?”. O marinheiro talvez seja o próprio Fernando Pessoa. Ele tinha um grande patriotismo em relação à beleza da língua portuguesa. Assim, a verdadeira pátria do marinheiro é a Língua Portuguesa.
A morte é algo que está presente em toda a peça. Sem a consciência da morte não há peça. O tempo é a morte, como pode ser entendido nas palavras de uma das veladoras - “…Velamos as horas que passam…”.
Alain Ollivier, encenador da peça
Na sua intervenção Alain Ollivier esclareceu que para falar sobre o seu interesse pelo “Marinheiro” é necessário dizer que não foi o primeiro a montar esta peça.
“Hoje, Fernando Pessoa tem uma reputação internacional. Fiquei muito impressionado com a sua natureza explosiva. Faço um paralelismo com o teatro simbolista francês. Este tipo de teatro surgiu na última década no século XIX (Maurice Maeterlinck). Existiam peças de teatro super-realistas e medíocres. O teatro simbolista surgiu neste contexto. Pode fazer-se uma correlação entre o teatro simbolista e o teatro de Fernando Pessoa, com pequenos tormentos, com um realismo depressivo. É muito político.
O Marinheiro fala de inspiração poética. Permite conhecer de onde vem a inspiração de Fernando Pessoa, que com 24 anos escreveu esta peça em dois dias. Mostra-nos a sua intuição, a sua visão daquilo que viria a ser a sua vida de artista, de tormento e de sofrimento.
No final agradeceu ao director da Companhia de Teatro de Almada. “Não poderia recusar o convite de Joaquim Benite, porque também achei interessante a encenação, a compreensão do que é a encenação. Escrever uma peça não é explorar uma situação, uma vivência… Não é só fazer um diálogo. É necessário um imaginário animado por um pensamento, uma ideologia, um pensamento analítico, um pensamento que tenha forma.”
Pedro Marques, Livros de Areia Editores
Pedro Marques agradeceu à Companhia de Teatro de Almada a lembrança de ter contactado a sua editora há cerca de dois anos. “Não é um projecto inovador. Outras companhias já nos convidaram para editar teatro. Isto é ir contra-corrente. Não é um trabalho que faça como especialista. Não sou especialista em textos dramáticos, mas trata-se de uma companhia muito sólida, que escolhe textos muito bons. Desde esse contacto que já editámos sete a oito livros. São textos muito interessantes".
Alain Ollivier foi director do Théâthre Gérard Phillipe de Saint-Denis e apresentou, em 2006, na Sala Experimental do TMA a sua encenação de “O Marinheiro”, protagonizado pela actriz francesa Anne Alvaro. Deste espectáculo surgiu o convite para Allain Ollivier voltar a dirigir o “drama estático” de Fernando Pessoa, numa produção da Companhia de Teatro de Almada, com um elenco de três actrizes portugueses, protagonizado por Teresa Gafeira.
Em cena No TMA, até 18 de Maio, a peça “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa.

Companhia de Teatro de Alamada
Livros de Areia Editores

15.4.08
6.4.08
Dá-me o telemóvel!!
Excerto de uma intervenção para o programa Vidas Alternativas, em que dou a minha opinião sobre o caso da aluna, da professora e do telemóvel. Não me pronuncio sobre as atitudes da aluna e da professora, mas sim sobre o papel dos meios de comunicação social neste caso.
24.3.08
14.3.08
É a Cultura, Estúpido!
Notícia e fotografia de Inês Branco
Ler Notícia no Edit On Web
É a Cultura Estúpido!, na Europa de Leste
"É a Cultura, Estúpido!" foi o nome escolhido para a série de tertúlias que se realiza no teatro São Luiz até Abril. Na última sessão, o debate foi dedicado à Europa de Leste. Moderados pelo jornalista Daniel Oliveira, Konstantin Yakolev, director do jornal "Slovo" com edição em Portugal, Branko Neskov, engenheiro de som, e Nina Guerra, tradutora de literatura russa, discutiram as facilidades e dificuldades de trabalhar na área da cultura em Portugal e reflectiram sobre a realidade dos imigrantes de Leste em Lisboa.
Afinal, que realidade é esta que permite a existência de tantos jornais e rádios falados em russo? Quem responde é Konstantin Yakolev, fazendo uma comparação com Itália. Só na zona de Milão, existe uma comunidade de um milhão de pessoas oriundas de Leste e, nem por isso, o sucesso da implementação de jornais de língua russa foi maior que em Portugal. "Este facto" explica, "deve-se à grande concentração de eslavos nas grandes cidades, como Lisboa. Vivem juntos e trabalham juntos". Quando o seu jornal surgiu, em 2001, veio colmatar a necessidade que estas pessoas tinham de ler em russo, "estes imigrantes tinham fome da palavra russa", afirma.
Mas será que existe mesmo uma comunidade? Nina Guerra desconfia, "uma comunidade implica muita coisa, ajuda financeira, por exemplo. Não sei se existe. Mas, se existir, fico feliz". Nina pertence à "comunidade antiga". Chegou a Portugal em 1990. Nessa época eram sobretudo mulheres casadas com portugueses que chegavam ao nosso país. "Foi o meu caso. Não vim na onda da desgraça". Eram poucos e vinham por razões familiares. Mas, no fim dos anos 90, a situação começou a alterar-se com a chegada de novas vagas de imigração.
Hoje, apesar da existência de muitos russos e ucranianos, as iniciativas culturais realizadas por estes imigrantes para os portugueses não são muitas. "Praticam a cultura as pessoas que têm lazer e tempo livre", esclarece a tradutora. Não parece ser este o caso dos seus conterrâneos, para quem a vida, segundo Nina, é tudo menos fácil. "A imigração não permite dispor de si. Exprimir os seus gostos. É luta pela sobrevivência de cada dia". Mesmo sendo casada com um português, viveu os três primeiros anos em situação ilegal, "eu passei um bocado até me endireitar", confessa.
A conjuntura económica do país também não parece ajudar, "os imigrantes têm sempre mais dificuldades que os nacionais, mas se a situação do país é má, a situação daqueles ainda se torna mais difícil". Ter de lidar com a burocracia de dois países é outro dos problemas, "quando se chega a casa e só se tem vontade de dormir, enquanto a preocupação é com a papelada, então não há força e perde-se o hábito de procurar a cultura". Com todos os defeitos da União Soviética, diz-nos Nina, havia o gosto pela leitura e pela cultura. Embora considere o trabalho das associações e da imprensa importante, "ainda é preciso dar mais facilidades aos imigrantes".
Branko Neskov não partilha desta visão tão negra. Vê a situação de outro ângulo, "deixar o nosso país é bastante mau, mas quando se encontra outro local para viver, já é um pouco melhor". No entanto, para ele, Portugal não está preparado para receber. "Em 90, 92 éramos raros e, como qualquer coisa rara, fomos tratados com carinho, mas agora é diferente, com as grandes vagas de imigração". Quanto à existência de uma comunidade, o seu sentimento é de que de facto existe, " temos já uma ideia muito clara de perfis de imigrantes. A própria existência de um jornal implica ter de existir uma comunidade que o lê".
Este sérvio, engenheiro de som, chegou a Portugal também no início dos anos 90, deixando para trás um país (Jugoslávia) desfeito em muitos outros países. "Fui impedido de trabalhar. Precisava de passaporte para viajar dentro do meu antigo país". A Alemanha foi a sua primeira opção, mas a frieza do clima e das gentes, fizeram-no escolher Portugal, "depois de toda aquela confusão, só queria um local mais calmo". Veio encontrar essa calma aqui, mas não só. Encontrou também a oportunidade que lhe permitiu permanecer. "O cinema que se fazia em Portugal na época era uma actividade artesanal, exercida num circuito muito fechado, em que os amigos se ajudavam". Não foi pois difícil descobrir lacunas "não existiam estruturas de pós-produção, o que me permitiu participar na sua criação".
Quanto ao cinema português, mantém características que o distinguem do sérvio. "Em Portugal o cinema descreve um estado de espírito. Na Sérvia tenta descrever uma história". Do cinema sérvio pensa que se conhece pouco em Portugal. "Está limitado a Kusturica". Apesar daquilo que o fez deixar a Sérvia, continua a manter o contacto, "faço um ou dois filmes por ano. A este nível a amizade não foi quebrada".
Mas não só ele mantém o contacto com a sua cidade natal. Nina deixou uma Moscovo em que, depois de Gorbachev, "parecia que tudo era liberdade", para voltar só passados dez anos. "Parecia-me outro país. Muita coisa tinha mudado. No meu tempo procurava-se literatura de qualidade. Os livrinhos baratos para aprender inglês deitavam-se fora". Chegou a pensar que a literatura de massas iria destruir a cultura adquirida ao longo de gerações. Hoje, não só se voltou a ler literatura de qualidade, como noutras áreas culturais o panorama é também animador "os teatros e cinemas de Moscovo e São Petersburgo estão cheios! Há muita produção de coisas novas. Às vezes é difícil, mas a cultura continua".
Se o dinamismo cultural nas duas maiores cidades russas, que chega a contrastar com o que se passa no resto do seu país, a admira, ainda assim lhes levava o exemplo português no que respeita ao teatro. Considera que o há de melhor em Portugal está no teatro Meridional, Cornucópia e Artistas Unidos e, se pudesse oferecer algo de concreto, mostrava as encenações que Luís Miguel Cintra faz dos autores russos. Quanto a estes mesmos, embora os clássicos sejam os mais traduzidos, devido sobretudo a que já não exigem o pagamento de direitos de autores, há muitos novos a surgir, mas que ainda não são conhecidos por cá. "É difícil fazer com que as pessoas comprem livros de autores desconhecidos". Ainda assim, deixa-nos a sugestão "Ivan Búnin é muito bom!".
Esta tertúlia inseriu-se no Ciclo Outras Lisboa, por ocasião do Ano Europeu do Diálogo Intercultural, a decorrer no São Luís Teatro Municipal até 28 de Abril.
5.3.08
Lançamento do Ano Europeu do Diálogo Intercultural (AEDI 2008)
Fotografia e notícia de Inês Branco
Foi oficialmente lançado em Portugal, no dia 27 de Fevereiro, o Ano Europeu do Diálogo Intercultural (AEDI 2008). O evento de abertura realizou-se no Museu de Etnologia, em Lisboa, e contou com a presença da Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse, do Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, e do Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira.
A Alta Comissária fez um enquadramento do ano, focando os objectivos, a estratégia e o programa nacional. Rosário Farmhouse forneceu uma visão do contexto actual de Portugal: “com uma longa história de país de emigrantes, um terço da população de origem portuguesa vive emigrada e espalhada pelo mundo e, no final do séc. XX tornou-se também país de acolhimento de imigrantes. Hoje, populações de diferentes nacionalidades constituem já 4,2% da população residente em Portugal”, explicando que este mesmo contexto “exige da sociedade portuguesa o desenvolvimento de uma política de acolhimento e integração de imigrantes mais consistente, acompanhada pela consolidação de políticas de acolhimento e integração, que se reflictam quer em princípios políticos gerais, quer em iniciativas legislativas, quer ainda em respostas operacionais muito concretas”.
No final da sua intervenção lançou o repto a todos os presentes para que “festejemos juntos a nossa diversidade” e relembrou a célebre frase de Fernando Pessoa que serve de “slogan” português ao AEDI 2008, “ser plural como o universo”.
O Ministro da Cultura salientou a importância da língua no diálogo entre culturas, “cultura é identidade e, sobretudo, língua. É através dela que contactamos com o outro e que definimos a forma como pensamos. Somos portugueses falantes e, por isso, temos uma identidade própria”. Acrescentando ao vector “língua”, o vector “identidade”, e a necessidade de nos abrirmos ao outro através das artes, Pinto Ribeiro, manifestou o seu desejo: “gostava de apoiar e estimular todas as formas de arte. O que desejo é que todas as associações, organizações e pessoas contribuam para estes três veículos e, assim, para este diálogo intercultural”.
A fechar o lançamento, Pedro Silva Pereira marcou o desafio da paz como central no mundo de hoje “não é um desafio qualquer e está inteiramente ligado ao diálogo intercultural”. Não só para a Europa como um todo, mas para Portugal “é um desafio que nos tornemos numa multiplicação de sociedades de acolhimento, sobretudo, se quisermos que sejam suficientemente justas, coesas e tolerantes”. Não obstante o facto de o desafio do diálogo intercultural não ser apenas o de integração de imigrantes, o Ministro da Presidência afirmou que “passa muito por aí”. De tal forma, que foi inscrito na própria sigla do ACIDI o Diálogo Intercultural, que simboliza a “valorização da tolerância, da diversidade religiosa e do combate à discriminação, racismo e xenofobia”. Apesar de vivermos hoje num clima de paz social “é necessário vigilância e intervenção junto das consciências e dos valores da nossa sociedade, para não deixar irromper o racismo e a xenofobia”, sublinhou.
Este dia serviu também para dar a conhecer o sítio do AEDI 2008 (www.aedi2008), onde poderá ser encontrada a agenda para o ano e onde todos os cidadãos poderão entrar em contacto com a organização (aedi@acidi.gov.pt).
Ler Notícia no Edit On Web
26.2.08
11.2.08
Mia Couto - Sessão de Autógrafos
Foto e texto de Inês Branco
Mia Couto realizou hoje uma sessão de autógrafos na livraria Byblos em Lisboa.
Tal como foi apresentado, este “autor fundamental da língua portuguesa, em cujas mãos está criada e recriada de forma inimitável” concedeu aos seus leitores, e não só, a oportunidade de o conhecerem melhor, autografando a sua obra e confraternizando.
Referindo-se ao diálogo entre culturas, o escritor moçambicano disse acreditar que é não só estar disponível para que as culturas dialoguem, mas, sobretudo, para que se mesticem. “Não há culturas puras. A própria cultura portuguesa já é resultado de um conjunto de cruzamentos de culturas: árabe, africana e outras”.
Para Mia Couto o seu hobby é o seu trabalho. “Sou biólogo, mas ao fazer biologia estou muito próximo da escrita. Vejo o Mundo pelos olhos de uma criança. Quero deixar-me encantar pelo meu trabalho”.
Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955 e, além de ser escritor, sua faceta mais conhecida, é professor e biólogo. A sua vasta obra, que vai desde o conto, à crónica e da qual fazem parte títulos como “Vozes Anoitecidas”, “Terra Sonâmbula” e “Estórias Abensonhadas” foi galardoada, em 1999, com o Prémio Vergílio Ferreira.
Ler a notícia no EditOnWeb
3.2.08
Mouraria
Ver filme
Trabalho multimedia: fotografia e som
Tema: Mouraria
Conteúdo: Entrevista ao dono do Centro Comercial Capelo
Fotografia, Entrevista, Edição: Inês Branco
Música: Rogério Godinho

Vista do miradouro da Senhora do Monte
Trabalho multimedia: fotografia e som
Tema: Mouraria
Conteúdo: Entrevista ao dono do Centro Comercial Capelo
Fotografia, Entrevista, Edição: Inês Branco
Música: Rogério Godinho
Vista do miradouro da Senhora do Monte
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